Nos últimos 20 anos, temos assistido a uma grande mudança no que se refere ao comportamento das empresas. O mercado hoje, e bem, está cada vez mais preocupado com a sustentabilidade das empresas, porque desta sustentabilidade dependem os denominados “stakeholders” isto é os accionistas, trabalhadores, clientes e fornecedores. Embora o lucro continue a ser o objectivo de todas as empresas, estas tomaram consciência da importância da responsabilidade social para a definição da sua estratégia. Podemos pois dizer que a responsabilidade social visa o desenvolvimento de um conjunto de acções que assegurem e reforcem o papel da empresa no médio e longo prazo face às políticas de curto-prazo. É por assim dizer a vitória da estratégia sobre a táctica. E, contrariamente ao que se pensa esta responsabilidade não deve ser uma preocupação apenas das grandes empresas mas de todas, independentemente da dimensão.
A responsabilidade social chama a atenção para a necessidade de políticas, de longo-prazo, nas áreas económicas, sociais e ambientais.
Porquê a preocupação com a responsabilidade social?
O exagero da pressão dos mercados pelos resultados de curto-prazo fez com que muitas empresas adoptassem políticas quase suicidas nas vertentes económicas, sociais e ambientais. A percepção deste facto alertou para a necessidade de estratégias que assegurassem a sustentabilidade futura.
Como se analisa a responsabilidade social?
Através da análise de métricas quer económicas, como robustez financeira, gestão de risco…, quer sociais, como gestão do conhecimento, atracção e fidelização, sistemas de avaliação…, quer ambientais, como gestão da política ambiental, performance eco- eficiência….
Particularizando a análise mais na componente social constata-se que para a sustentabilidade ser um facto é crítico que as empresas assentem a sua gestão na prossecução de políticas que tenham em conta quer o desenvolvimento dos colaboradores quer a flexibilização do trabalho, para a criação de um clima de abertura facilitador da conciliação dos interesses da empresa e do colaborador.
As empresas sensíveis à responsabilidade social aumentarão a fidelização dos seus colaboradores.
Durante os anos 90, as empresas consideravam que o factor crítico para o seu crescimento eram as Tecnologias de Informação (TI). Foi um período, onde qualquer medida que se tomasse, tinha de ser ponderada em função das TI, criando-se uma ideia errada sobre o futuro dos negócios. Porém, a partir do ano 2000, com a entrada num novo milénio, as empresas, foram alterando as suas estratégias. Rapidamente perceberam que hoje as empresas são cada vez mais conhecimento e competências, que estão residentes nos colaboradores. E, por conseguinte hoje o centro das empresas gira à volta destes impérios da inteligência, pelo que ao investir-se em políticas socialmente responsáveis estamos a investir na motivação dos colaboradores e portanto no futuro da empresa.
O conceito de empresa socialmente responsável, não pode confundir-se com o de filantropia.
A empresa socialmente responsável, preocupa-se na dimensão social em facultar políticas de desenvolvimento adequadas através de programas de formação, em trabalhar programas de mobilidade, certificar as competências dos seus colaboradores e em promover espaços de avaliação. Para além disso fazem ainda parte dos seus projectos a existência de horários flexíveis bem como planos de saúde e/ou programas de voluntariado.
Ainda em crescimento, a ideia de empresa socialmente responsável não é ainda partilhada por todos. Segundo um estudo, elaborado a nível europeu, os consumidores assumem, que no momento da escolha têm em conta o empenho das empresas na responsabilidade social e no desenvolvimento sustentável. Alguns deles assumem ainda que, preferem pagar mais por um produto de uma empresa socialmente responsável.
O mesmo estudo, para o universo português revela que os portugueses, ainda não acreditam na responsabilidade social, embora tenham grandes expectativas relativamente a este tema. Consideram ainda que a qualidade dos produtos, o serviço ao cliente, o empenho na responsabilidade social, o respeito pelos direitos humanos e a existência de um ambiente de trabalho seguro e saudável são os factores mais importantes, sobre o quais reflectem quando fazem um juízo sobre uma empresa.
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