terça-feira, 9 de janeiro de 2007

A comercialização da informação

Estes ultimos anos temos assistido diáriamente à devastação da nossas florestas. Os incêndios, segundo os media, são piores que nunca. As pessoas afirmam nunca ter visto algo assim. No entanto em 1992 arderam 398 mil hectares de floresta, mais do que o ardido em 2003. Porém naquela altura não foi declarado o estado de calamidade pública por parte do governo, nem os incêndios fizeram parte em noticiários estrangeiros, nem sequer fizeram parte da conversa rotineira portuguesa.
Uma das coisa que se passou na altura foi a falta da concorrência à RTP. Hoje, temos a SIC, TVI e RTP, como os 3 grandes da informação. Ora este desenvolvimento das cadeias televisivas, para além da RTP trouxe uma maior exigência por parte dos consumidores, por exemplo, a TVI e SIC que para combaterem as audiências da concorrência incluem em quase todos os seus programas um rodapé com jogos de apostas, em que as pessoas ligam, pagam a chamada, apostam e vêm o jogo como uma chance de ganharem dinheiro extra para a familia. Para além disso outra das respostas dos media a esta exigência foi encontrar “o gosto português” e explorá-lo ao máximo.
As noticias passaram a ter todo o tema possível e imaginário, e se fosse um escandalo ou algo mais extravegante, então era audiência garantida. Passam noticias para venderem o seu próprio produto, para fazer dinheiro.
A verdade é que os media têm tendencia a esculpir a noticia pelos modos mais atraentes, ou mais aterradores de modo a atrair o publico. A noticia, novela ou série é o seu produto e têm de a vender. Infelizmente assim estão cada vez mais a contribuir para uma geração de ignorância e de aficionados à televisão. Cada vez mais se janta a ver televisão, normalmente à hora dos noticiários, em que são bombardeados titulos e imagens com pouca descrição, frases ambiguas, e noticias altamente parciais. Os media assim, muito subtilmente passam as ideias que querem ver passadas, tais como a crise em que se encontra o país ou o mau desempenho do governo. A informação é altamente manipulada antes de chegar ao seu consumo. Tomemos como exemplo os incêndios. Em 1992 não havia concorrência e pouco se os divulgou. Em 2003 os incêndios estavam dentro dos parametros, e mesmo assim foi declarado o estado de calamidade publica.
Mas será esta a verdadeira informação? Não, e infelizmente não defende a protecção das casas ou matas, é apenas a necessidade de agarrar o telespectador ao ecrã.
Infelizmente é impossivel controlar a informação e/ou filtrá-la. Muito menos criar uma entidade controladora. Citando Juvenal – “Quem guardará os guardas?” pergunta-se.
A solução passa por uma maior sensibilização da parte dos consumidores de modo a exigir informações limpas, provenientes da fonte.

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